07/07/2010

Regresso sem retorno

Reencontrei-me em ti. 
Todo. 
Senti-me descoberto no meio do que representavas. Toldado pela paixão, arrebatado pelo desejo, abafado pelo amor.
Naufraguei por não ter reparado nos sinais. 
Dentro de mim vive um vazio que me nasceu ainda em miúdo e que me toma a bandeira em momentos de magoa. 
Este buraco que me recorta a silhueta, desvaneceu-se enquanto fomos caminho. Mas assim que descarrilamos, regressou com força desdobrada. Estonteante, arrepiante. 
Regressaste.
Voltei a sentir tudo o que nunca deixara de sentir. 
O sorriso semi-entonado, o olhar que demove qualquer gelo, e, até a pele com que me toca parece igual. No entanto, não consigo ser o mesmo. 
Estou a prazo. Perdido no receio do passado recente. 
Sem expectativas. 
Incapaz de iludir a desilusão. 
Receoso de parir um nado-morto. 
Um dia de cada vez. 
Esperanças escondidas, para não se assustarem. 
Planos adormecidos, para não mais falharem. 
Palavras pensadas, para não se magoarem. 
Beijos sem saliva, para não criarem uma teia de desengano. 
Um dia de cada vez. 
Estou mais longe de terra. 
Mareado. 
Vestido de frio... 
O meu vazio serve-me de agasalho.

1 comentário:

sophie disse...

Sabes...
Ainda (te) sinto a falta...
Mas um dia de cada vez...

O tempo vai encarregar-se de nos preencher os vazios...