25/08/2010

Fechei os olhos... e encontrei-me...

Sentei-me e fechei os olhos e então vi-me... 
vi-me a mim, cheio, repleto de amor que não tinha dado, de amores que nunca tinham sido amores, 
rodeado de pessoas que não me interessavam. 
Então parei...
E lembrei-me que me tinham amado, que tinha pessoas que realmente se interessavam por mim.

Lembrei-me de cada uma das tarde onde me tinha dedicado a caminhar em silêncio pela rua, 
com a cabeça somente no canto dos pássaros, sentindo o aroma de cada uma das flores,
caminho que faço desde a minha infância.
Então ai viajei até minha infância, quando me sentava debaixo das árvores para escrever cartas de amor que nunca ia dar,  lembrei-me quando me escondia atrás das árvores para ver as raparigas que roubavam todos os meus sonhos, enquanto sonhava, vivia uma vida nova, cheia de felicidade, um sonho que não terminava nunca.

E foi a minha adolescência metida atrás de livros que contavam grandes histórias de amor, onde eu podia seguir imaginando o meu futuro, a cada canto agarrava de novo o meu caderno e escrevia uma poesia tonta para o amor do momento, esse amor, essa amiga que nunca sequer tinha olhado para mim.
E cheguei quase a maturidade, os Verões na costa, conquistando corações inconquistados, com uma histeria estúpida, bebendo sangria ou a bebida do momento, correndo durante momentos pela praia para não perder o costume de correr e de pés descalços pela praia não me esquecer que podia caminhar devagar também.
Lembro-me que num dia acordei e disse, bom já sou grande e procurei um trabalho, já não me divertia sair, já não me divertia beber,  já não me divertia falar com os putos maus da rua, mas ainda me sentava debaixo de uma árvore a escrever ou ler, ou de costas para o céu vendo como as formigas fazem o seu trabalho com uma rigidez quase absoluta, ou olhava o céu e seguia pensando "um dia isto vai ser meu" e  ia numa nuvem a percorrer o mundo que habitava na minha cabeça, as pirâmides do Egipto, as praias do México, as lojas de  New York, os comboios de Tokio, a muralha chinesa, o caminho do inca, Roma, Paris, Madrid, Cuba que sempre foi um lugar de sonho,  e em cada lugar um mistério.
Conhecia pessoas mentalmente, imaginava situações divertidas e ridículas, nunca perdi a facilidade de me rir sozinho e sem sentir vergonha, sem achar o que estará a pensar as pessoas do meu sorriso solitário.

Quando abri os olhos  dei-me conta que sou o menino que ainda olha o céu sabendo que o pode conquistar quando queira, e um homem que luta por atingir todos os sonhos, sabendo que desfruto cada partícula de tempo que me foi dada..

2 comentários:

sophie disse...

Gostei de te voltar a ler...
Foram as tuas palavras, mais que tudo, que me encheram (e mais tarde deixaram vazio) o meu coração...

Mas também sou uma menina cheia de sonhos...
E também vou lutar por eles, mesmo que ainda ande colar os pedaços de mim que se partiram...

Aproveita cada pequena coisa...

Anónimo disse...

"Algún día en cualquier parte, en cualquier lugar indefectiblemente te encontrarás a ti mismo. Y ésa, sólo ésa, puede ser la más feliz o la más amarga de tus horas"(Pablo Neruda)
Que sea la más feliz, siempre. Y, puesto que te encontraste, que jamás te pierdas!