Sonho frenético

Acordo de um sonho frenético onde tu foste a protagonista.
Alias, onde tu e eu fomos os protagonistas. Esfrego os olhos e lá estás tu.
Nua, serena, enigmática. Belisquei-me, mordi-me e tu sempre a olhar para mim.
Com que então és real. Qual sereia saída do fundo do mar. Contigo viajei fundo. Ao mais profundo dos mares. Sobrevivi a ventos e tempestades. Experimentamos a luxúria. 
Tentações não havia, afinal, a única tentação eras tu. Eras não, és!
E tu sempre tão real. Sempre tão presente. Ainda estas presente, mas já cá não estás
Por isso voltei a beliscar-me. A morder-me. E tu não desistes, continuas a olhar-me fixamente.
Tento tocar-te. Permaneces imóvel, a olhar para mim. estico o braço, arrasto o corpo, mas não te chego.
Tu és real, sei que és, qual sereia sem cauda que me vem acompanhando. Juntos corremos, dançámos.
E agora eu não te consigo tocar. Eu que por tantas vezes te toquei, abracei e beijei.
Sobra-me o teu olhar, esse, está sempre em mim.
Volto a arrastar-me até ti. 
E piscas-me o olho.