Não te falei de Dezembro
nem dos seus encontros comigo depois de dias felizes;
do tremor que provocava o copo vazio,
sobre o extremo de uma mesa incompleta
sem comida, sobre um prato rendado sem tocar.
Embora a urgência de chegar
a um simulacro rotineiro de ser feliz
ao menos uma vez a cada Natal,
a cada morte conclusiva,
a cada devaneio explodindo como pólvora no céu.
Plagiar o riso de uma rolha de cortiça,
simulacro de uma existência efémera,
letal e etílica,
volátil como borbulhas de gás em fuga,
alento de maçãs pecando em abandono.
É o devaneio,
a chuva de falsas estrelas que incendeiam árvores de plásticos coloridas,
vazias como as almas,
depois do suicídio do brindes, do bocejar;
dos preguiçosos sinos aturdidos de ruídos que destoam na noite.
E recolho-me junto aos restos de um jantar inútil,
apago os versos escritos em guardanapos molhados,
desapareceram as letras sobre a sopa de espumante
que gravaram um adeus sobre os meus pensamentos:
até o próximo Natal,
se é que ressuscito outra vez ...
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