15/12/2009

Dezembro


Não te falei de Dezembro 
nem dos seus encontros comigo depois de dias felizes; 
do tremor que provocava o copo vazio,
sobre o extremo de uma mesa incompleta
sem comida, sobre um prato rendado sem tocar.

Embora a urgência de chegar 
a um simulacro rotineiro de ser feliz 
ao menos uma vez a cada Natal, 
a cada morte conclusiva, 
a cada devaneio explodindo como pólvora no céu.


Plagiar o riso de  uma rolha de cortiça, 
simulacro de uma existência efémera, 
letal e etílica, 
volátil como borbulhas de gás em fuga, 
alento de maçãs pecando em abandono. 

É o devaneio, 
a chuva de falsas estrelas que incendeiam árvores de plásticos coloridas,
vazias como as almas,
depois do suicídio do brindes, do bocejar; 
dos preguiçosos sinos aturdidos de ruídos que destoam na noite.

E recolho-me junto aos restos de um jantar inútil, 
apago os versos escritos em guardanapos molhados, 
desapareceram as letras sobre a sopa de espumante 
que gravaram um adeus sobre os meus pensamentos: 
até o próximo Natal, 
se é que ressuscito outra vez ...

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