Chega outra tarde e de novo subo ao monte
para ver morrer a luz
Demora a morrer o dia cansado
de vaguear com tanto poder
Nuvens de cinzas parecem carregar a miséria
Os olhos da tarde regressam entristecidos
a caminho do mar descarregar a sua pena
O homem desvivido agarra a vida antes que se precipite
Sinto o gemer das chaminés nas esquinas do povo
Sinto o grito do irmão que vende pão para o seu pão
Ouço a noite que se precipita para dar a noticia a lua
O grito do homem em frente ao mar
chega até a minha porta
Uma cruz vigia o meu olhar
Ouço lá em baixo as águas turbulentas
De repente a tempestade tudo cala
deixando atrás a miséria das horas
A noite corre a ocultar a mesa despida
Bandos de campinas
contam o suor da sua vindima
As lágrimas do dia humedecem
o caminho quente do entardecer
Encontro o meu Deus
e pergunto-lhe o porque da nossa luta...
Chove...
A noite escurece a sua resposta
enquanto um homem arrasta seus passos na areia.
Também sem respostas.
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