29/09/2011

O lobo

Arrumar a dor num canto, escuro,
num silencio já esquecido faz muito,
o lobo adormece sem pele de cordeiro,
ao luar duma noite infinita,
sozinho e perdido na escuridão de um sonho
capaz de suportar a frustração de mil gritos
e palavras que amargam a sua negra alma,
vazio absorvido pelas sombras distantes,
encolhido na sua cova
entre destinos dilacerantes.
Poderá Deus devolver-lhe aquele dia,
em que como uma figura sombria
uivou a Lua debaixo das folhas caducas
deste silencioso bosque?
Ao longe sobre o horizonte
dança embalado o vento,
removendo as cinzas do passado,
num resplandecente silencio
do passível Deus.
E um sussurrar ecoa o imenso bosque:
"O amor é o alimento da alma que esta em liberdade..."

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